Mente consciente e não consciente

Consciente e não consciente são dois modos distintos de operação da mente. Ambos funcionam de maneira integrada o tempo todo, mas com papéis diferentes. O consciente é o campo do raciocínio, onde analisamos, escolhemos e julgamos. Já o não consciente - ou subconsciente - é responsável por manter em funcionamento processos vitais, como os batimentos cardíacos, a respiração, a digestão, além de transformar em automáticos muitos comportamentos e reações que, de início, exigiram esforço consciente. Esse mecanismo de “automatização” existe para poupar energia mental.

Mas o subconsciente não se limita às funções biológicas: ele também registra tudo aquilo que vivemos, sentimos e aceitamos ao longo do desenvolvimento. Diferente da mente consciente, ele não julga, não questiona se algo é verdadeiro ou falso, bom ou mau. Apenas grava. É por isso que frases aparentemente absurdas - como alguém que pesa 40kg afirmar “estou gorda” - podem se instalar nesse nível e, depois, se tornar origem de bloqueios, sofrimentos ou até doenças.

O ponto crucial é que o julgamento nem sempre nasce da mente consciente. O subconsciente não pensa, não raciocina nem faz triagens lógicas. Ele apenas aceita, registra e responde a sugestões. Por ser altamente sugestionável, pode abrigar crenças irracionais, originadas de experiências traumáticas ou de palavras recebidas em momentos vulneráveis. Ao mesmo tempo, pode guardar memórias conflitantes: uma parte da pessoa pode acreditar que “é capaz”, enquanto outra repete silenciosamente “não vai dar certo”.

Esse contraste explica por que tantas vezes sentimos conflitos internos. Podemos raciocinar de forma aparentemente clara, mas nossas conclusões já estão contaminadas por conteúdos reprimidos, crenças limitantes ou distorções emocionais presentes no subconsciente. É nesse ponto que mora o perigo: confiar cegamente nos próprios pensamentos pode ser arriscado, porque nem todo pensamento “racional” nasce de um processo mental realmente livre. Muitos carregam resíduos de memórias, julgamentos e distorções que atuam na contramão dos propósitos mais elevados da vida.

Vale destacar ainda outro aspecto: o consciente raciocina - mas nem sempre faz isso bem. O subconsciente, por sua vez, não raciocina; ele apenas armazena e responde fielmente aos comandos recebidos. Isso revela o poder da palavra. O verbo, quando aceito pelo subconsciente, transforma-se em programa mental, interferindo em nosso comportamento, saúde, escolhas, preferências e até nos rumos do nosso destino.

A questão é: quantas palavras vãs ouvimos, repetimos e registramos sem perceber? Cada uma delas, ao ser aceita, passa a atuar como sugestão implantada no nosso interior. Por isso, compreender a dinâmica entre consciente e subconsciente é fundamental.

Compartimentos da mente

Eu não vejo a mente humana dividida apenas em duas camadas, como geralmente se fala. Para mim, ela se desdobra em cinco compartimentos principais:

  • Consciente

  • Pré-consciente

  • Inconsciente

  • Subconsciente individual

  • Subconsciente coletivo

Esses compartimentos não são entidades separadas, mas expressões de uma mesma mente, que habita o corpo. É importante frisar: a mente não é apenas encéfalo. Grande parte do processamento mental se dá no cérebro, sim, mas a mente se espalha pelo corpo inteiro, no sistema nervoso, nos órgãos, nos sentidos. Ela mora na carne, no sopro vital, e não só na massa cinzenta.

Cada compartimento é conectado por uma espécie de “porta”. Essa metáfora é fundamental: as informações não fluem livremente entre todas as camadas. Se fosse assim, viveríamos em total desordem. Para acessar cada compartimento é preciso uma chave - e uma dessas chaves é a oração.

Não se trata, obviamente, de divisões anatômicas no cérebro. É um modelo subjetivo, construído para que possamos compreender melhor certos aspectos da vida psíquica e espiritual.

Vamos, então, descer camada por camada:

Do ebook A Mente Conectada

1. Camada Consciente

É o nível da lógica, do raciocínio, do julgamento. É aqui que analisamos o que captamos do ambiente e também o que sobe das camadas mais profundas. Em tese, deveria ser um filtro lúcido, mas muitas vezes está embotado por crenças ou julgamentos equivocados. É o elo direto entre o mundo natural e a alma.

2. Camada Pré-consciente

É como uma memória de acesso rápido. Aqui ficam guardadas informações que podemos recuperar com facilidade: onde deixamos a chave do carro, o número de telefone de alguém, a lista de compras. É um banco de dados provisório, sempre pronto para consulta.

3. Camada Inconsciente

“In” significa “não”. Essa camada abriga os conteúdos que não desejamos expressar abertamente - memórias reprimidas, emoções rejeitadas, julgamentos que preferimos esconder. É uma zona de bloqueios, mas também de pontes: ela liga o consciente ao subconsciente individual.

E o mais curioso é que muitos desses conteúdos nem sequer são nossos: foram sugestões aceitas de outras pessoas, opiniões alheias às quais demos mais fé do que à voz de Deus em nosso coração. Isso distorceu nosso esquema mental e desviou parte do nosso propósito.

4. Camada Subconsciente Individual

“Sub” significa “abaixo”, “profundo”. Aqui está armazenado absolutamente tudo o que vivemos, sentimos, ouvimos, vimos — com atenção ou não. É também onde repousam as memórias herdadas da ancestralidade. Nesse nível mora a identidade da alma, ansiosa por emergir e se expressar com sabedoria, no tempo certo.

Entretanto, essa identidade muitas vezes é abafada por padrões emocionais herdados, crenças ancestrais, imagens mentais que não correspondem à essência verdadeira. Descascar essas camadas é tarefa de uma vida inteira, talvez de várias. O propósito dos desafios é justamente permitir que a alma governe cada vez mais sobre a mente.

Quando isso não acontece, a alma fica aprisionada. É o que eu, Renatha, chamo de estado de zumbificação: indivíduos que vivem apenas como resultado de um esquema mental imposto por família, sociedade ou ambiente. Não raciocinam, apenas reagem a comandos externos.

Por isso, eu insisto: questione. Não aceite tudo como verdade. O raciocínio nasce mais da boa pergunta do que da certeza inquestionável. “E se houver outra possibilidade? E se não for isso? E se não for agora? E se o desejo que sinto não é sincero? E se não for amor?”
Perguntar é abrir espaço para a mente mobilizar conteúdos mais verdadeiros.

5. Camada Subconsciente Coletivo

É o nível mais profundo. Aqui, o indivíduo toca o todo. É onde se encontram tanto as informações compartilhadas pela humanidade quanto a dimensão infinita do espírito. Do subconsciente coletivo fluem possibilidades quase ilimitadas, mas para que alcancem o mundo manifesto, precisam atravessar os cinco portais.

É uma camada ampla, mas também protegida. A alma, em sua sabedoria, criou barreiras para preservar sua individualidade e integridade. Para chegar até ela, são necessários coragem, disciplina, oração e amor.

Essas cinco camadas existem como uma forma de proteção. Elas resguardam a alma, o corpo e a experiência terrena. Por isso, a expressão da alma deve respeitar o tempo e o espaço onde está inserida. Algo que num contexto é aceito e essencial para a convivência, em outro pode ser visto como transgressão.

Não é saudável expressar tudo. O inconsciente, por exemplo, serve como espaço necessário para armazenar conteúdos que não convém trazer à tona. Mas deve ser usado como seleção consciente e amorosa - não como repressão culposa.

O problema é quando aceitamos sugestões sem reflexão: cada palavra, cada opinião alheia pode contaminar nossos compartimentos e bloquear o destino da alma. Por isso, o questionamento não é revolta, mas um ato de amor-próprio.

No fim, a alma é o elo entre corpo e espírito. Por estarem em camadas distintas, surgem ruídos nessa comunicação, gerando sofrimentos, bloqueios e não realização do propósito. Quanto mais repressões e desgoverno mental, mais ruído.

E a oração? É governo. É pela oração que abrimos e fechamos portais entre as camadas da mente. O inconsciente e o subconsciente não raciocinam - mas respondem fielmente aos comandos da consciência.

Assim, se seus pensamentos conscientes forem claros, amorosos e positivos (no sentido de favorecerem o que você deseja ver manifestado), as camadas mais profundas responderão a esse comando, liberando conteúdos e alinhando seu destino.

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